Fim da aids? Pandemia pode acabar em 2030, diz Unaids

Embora pareça difícil de acreditar, o fim da aids é possível – o comprometimento das nações em seguir a ciência e priorizar programas centrados nas pessoas é essencial. Alguns países já estão neste caminho e devem servir de exemplo para outros líderes agirem com responsabilidade. A conclusão é do relatório divulgado pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).

O documento aponta ainda que é necessária a colaboração “entre o Sul e o Norte globais, governos e comunidades, ONU e estados membros atuando conjuntamente”. A estimativa prevê um caminho possível para o término da pandemia da aids em 2030.

O termo “pandemia” pode soar estranho, mas é uma realidade: a aids tirou uma vida a cada minuto em 2022, e aproximadamente 9,2 milhões de pessoas com HIV não estavam recebendo tratamento; e outras (cerca de) 2,1 milhões de pessoas estavam sob tratamento, mas não apresentavam carga viral suprimida.

Contudo, o progresso está acontecendo: dados do Unaids apontam que dos 39 milhões de pessoas pelo mundo que vivem com a doença, 29,8 milhões têm acesso ao tratamento. Esse número representa um aumento médio de 1,6 milhão de pessoas recebendo o tratamento a cada ano entre 2020, 2021 e 2022.

Com base nisso, o relatório destaca que esse ritmo de acesso ao tratamento pode viabilizar o alcance da meta global de 35 milhões de pessoas em tratamento para o HIV até 2025, o que seria um passo significativo em direção ao fim da aids.

O desafio deste objetivo, porém, é garantir o tratamento não apenas para os adultos, mas principalmente para as crianças. Dados de 2020 evidenciam que, mundialmente, a supressão da carga viral em crianças era de apenas 46%, ante a 71% dos adultos (76% das mulheres e 67% dos homens vivendo com HIV). 

Fim da aids e seus desafios 

A Unaids lamenta que os resultados globais negativos são impulsionados pelo estigma social, falta de serviços de prevenção para pessoas de populações marginalizadas e populações-chave, além das desigualdades, violências de gênero e barreiras impostas por leis punitivas.

Neste cenário, separei três problemas apontados pelo relatório, confira o cenário de cada uma abaixo:

1) Leis punitivas

Diante de leis punitivas e estigmas sociais, a incidência do HIV é maior entre os grupos considerados “populações-chave”. Para se ter uma ideia, a prevalência da doença, em 2022, era “11 vezes maior entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens, quatro vezes maior entre trabalhadores sexuais, sete vezes maior entre pessoas que fazem uso de drogas injetáveis e 14 vezes maior entre pessoas trans”, aponta o relatório referente ao índices de pessoas com idade de 15 a 49 anos. 

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2) Financiamento 

Os recursos destinados ao combate da doença viral se mantém distante do ideal e representam uma verdadeira lacuna para o avanço no fim da aids globalmente, conforme podemos visualizar abaixo, na tabela publicada no relatório. 

3)  Acesso a novas tecnologias de saúde

Ainda de acordo com o relatório, as tecnologias e novos medicamentos não estão disponíveis de forma igualitária pelo mundo, gerando um atraso em tratamentos e desfechos positivos para diversas doenças, como é o caso da aids. 

Um exemplo atual é o PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) injetável de longa duração. Em 2022, foi feito um acordo de licenciamento voluntário para uma versão genérica, tornando-a mais acessível, porém a negociação atingiu apenas cerca de 90 países.

A Unaids ainda explica que a fabricação genérica do medicamento, de forma plena, pode levar anos para de fato acontecer. Mesmo países de renda média alta e que registraram altos índices HIV foram excluídos da liberação. 

Confira mais detalhes sobre o fim da aids no documento completo e acesse o meu blog para conferir outros conteúdos sobre a doença. Embora o fim da aids dependa de ações coletivas e políticas de governo, a prevenção e a disseminação de conhecimento é uma responsabilidade de todos!

Se precisar agendar uma consulta, entre em contato comigo, estou à disposição!