HIV na terceira idade: o que fazer e como lidar com o diagnóstico?

Uma questão raramente debatida na mídia e pouco explorada nas campanhas de prevenção tem ganhado destaque nos indicadores de saúde do Brasil. Os dados alarmantes ecoam o silêncio ensurdecedor que a falta de políticas públicas provoca em toda a sociedade quando o assunto são os altos índices de HIV na terceira idade.

De acordo com o último Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2021, foram registrados 32,7 mil novos casos da doença em todo o País. Desse total, cerca de 52,9% dos casos foram detectados em pessoas com idades entre 20 e 34 anos. Apesar desse cenário, a evolução do HIV na terceira idade é uma realidade no Brasil – segundo o boletim epidemiológico de 2019, entre 2007 e 2017 houve aumento de 657%.

Primeiramente, precisamos lembrar que há uma ideia bastante deturpada – e um certo estigma da sociedade – quando o assunto é a vida sexual na terceira idade. Para uma ampla parcela da população, idosos não têm relações sexuais; sendo assim, as chances de se contrair a doença nesse período nem são cogitadas. 

Atrelada a essa visão discriminatória, existe a ausência de campanhas voltadas para esse público. Embora a maior incidência de casos esteja entre as populações mais jovens, é fundamental que ações de conscientização e prevenção do HIV na terceira idade sejam promovidas no País, pois os riscos de infecção nessa faixa etária representam uma ameaça  que pode ser letal. 

Quais os riscos da infecção por HIV na terceira idade? 

Conforme expliquei no texto que abordou a eficácia dos tratamentos para HIV, o vírus da imunodeficiência humana atinge o sistema imunológico, responsável por garantir a proteção do nosso organismo às mais variadas doenças. 

No caso dos idosos, cujo sistema imunológico é bem mais frágil do que o de um indivíduo jovem, as chances do corpo ser atacado por outras doenças oportunistas – como a tuberculose – tornam-se ainda maiores. 

Além disso, a possibilidade de desenvolver a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids), caracterizada pelo enfraquecimento do sistema de defesa do nosso corpo, também se eleva – e isso ocorre porque, nos casos de HIV na terceira idade, muitas vezes o diagnóstico é feito de forma tardia. 

De um modo geral, os idosos costumam se arriscar durante as relações sexuais. Esse comportamento, consequência de uma geração que não foi criada em uma cultura de prevenção, reforça também a urgência de campanhas destinadas a esse público.

As ações de HIV na terceira idade, por sua vez, devem adotar uma linguagem compatível com esse grupo. Os exames de sorologia para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) também devem ser incluídos nas avaliações periódicas, para que o diagnóstico seja feito o quanto antes. 

Prevenção é a melhor alternativa para diminuição de casos

Para reduzir a incidência de casos e mortes em decorrência do HIV na terceira idade, é fundamental que os idosos usem preservativo durante todas as relações sexuais. 

Caso você observe o surgimento de úlceras dolorosas, perda repentina de peso, falta de apetite e febre constante, procure o seu médico. Esses sintomas, apesar de não serem recorrentes em todas as pessoas infectadas pelo vírus, podem ser o indício de que há alguma irregularidade no organismo.

E lembre-se: receber o diagnóstico positivo da doença não é uma sentença de morte. Embora não haja cura para o HIV, existe tratamento e é possível conviver com o vírus tendo qualidade de vida! Tem dúvidas? Entre em contato comigo!