Um formigamento acompanhado de uma leve coceira surge repentinamente nos lábios. Após alguns dias, apontam as primeiras bolhas que, em breve, se tornarão feridas. É dessa forma nada discreta que a infecção por herpes se manifesta no nosso organismo. 

Causada pelo vírus herpes simplex, também conhecido pela sigla HSV, a infecção por herpes é considerada uma das doenças infecciosas – e de origem viral – mais comuns do mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3,7 bilhões de pessoas tiveram contato com o HSV-1 nos últimos anos. 

Isso significa que 67% da população mundial, com menos de 50 anos, convive com o vírus. Apesar do percentual elevado, estima-se que somente 10% a 15% das pessoas infectadas conseguem, de fato, desenvolver a doença – principalmente quando há brechas na imunidade. E como isso acontece? 

Normalmente, a infecção por herpes se manifesta diante de algumas situações, como exposição solar excessiva, baixa imunidade em decorrência de doenças e sob altos níveis de estresse emocional – um exemplo recente é o Eliezer Neto, participante da atual edição do Big Brother Brasil (BBB). 

Durante o confinamento, conhecido pelas dinâmicas conflituosas e pelo elevado desgaste emocional, as temidas feridas surgiram nos lábios do participante. Se você não acompanha o reality, deve estar se perguntando: “Mas o que há de embaraçoso nisso?”. 

Com relação às feridas, nada. Entretanto, o participante não se intimidou com a presença das lesões e beijou uma colega de confinamento. A suspeita da infecção por herpes rapidamente virou assunto dentro da casa e, principalmente, nas redes sociais. E quais são os riscos de toda essa exposição? 

Transmissão ocorre através de gotículas de saliva, beijos e relações sexuais

Antes de falarmos sobre as complicações que a infecção por herpes pode causar no nosso organismo, precisamos entender como acontece a transmissão desse vírus, cuja principal característica é a alta transmissibilidade.

O HSV-1, mencionado rapidamente no início do texto, refere-se ao tipo mais comum de herpes. Geralmente o primeiro contato com esse vírus, que causa vermelhidão, ardor e pequenas feridas nos lábios, acontece durante a infância por meio de secreções orais originadas por tosse, espirro e gotículas de saliva. 

Após esse contato, o vírus se aloja nas terminações nervosas do nosso organismo (especialmente nos gânglios) e pode permanecer por anos – e até mesmo durante toda a vida – sem dar indícios de sua existência. 

Porém, diante da redução da imunidade e do enfraquecimento das defesas do nosso organismo, o vírus se desloca dos gânglios e atinge a epiderme, camada mais superficial da nossa pele, causando a erupção das feridas. 

Além disso, a infecção por herpes também pode ocorrer durante as relações sexuais, embora esse quadro seja menos comum. Segundo a OMS, a herpes genital (HSV-2) afeta mais de 490 milhões de pessoas em todo o mundo, e pode ocasionar pequenas – e dolorosas – feridas na vulva, pênis e ânus. 

A infecção por herpes oferece riscos à saúde? 

Se não tratada, a infecção por herpes pode trazer complicações à saúde, sim, principalmente entre os pacientes imunocomprometidos – incluindo aqueles que convivem com o vírus do HIV. 

No entanto, a maioria da população é assintomática, ou seja, não manifesta os sintomas da doença. Mas isso não significa que os cuidados devem ser reduzidos e, tampouco, que os sinais da infecção por herpes não sejam desagradáveis. 

Também é importante ressaltar que não há cura para a condição, apesar de existir tratamento disponível. Sendo assim, é fundamental que os cuidados sejam adotados logo após o aparecimento dos primeiros sinais, uma vez que a doença é autolimitada – isto é: desaparece à medida que o sistema imunológico se recupera.

De todo modo, prevenir é sempre a melhor alternativa para redução das crises periódicas!

Tratamento e diagnóstico

As características físicas da infecção por herpes são bem específicas e, geralmente, suficientes para obtenção do diagnóstico. No entanto, o médico pode solicitar um exame de cultura ou uma análise sanguínea das feridas para confirmação. 

Comprovado que o responsável pelos sintomas é o HSV, realiza-se o tratamento feito à base dos antivirais, como aciclovir, fanciclovir e valaciclovir, que ajudam a reduzir a multiplicação do vírus no organismo. 

Portanto, diante da presença dos sintomas e da suspeita de infecção herpes, não siga o exemplo do participante do BBB! Evite o contato oral (beijos, sexo e compartilhamento de objetos que “tocaram” a saliva) com outras pessoas. 

E se você notou o aparecimento de feridas na região genital, abstenha-se de relações sexuais durante esse período. Não se esqueça que o uso de preservativos contribui para a prevenção de herpes e outras ISTs! 

Se ainda há dúvidas sobre a infecção por herpes, entre em contato comigo!