Raiva humana provoca inflamação progressiva do cérebro e pode ser fatal

Transmitida para humanos através do contato direto com a saliva de um animal infectado, seja por meio de mordidas ou lambidas em feridas abertas, a raiva humana é uma grave doença infecciosa. Na maioria dos casos, os pacientes contaminados por esse vírus não resistem à infecção e vão a óbito. 

O vírus Lyssavirus, pertencente à família Rhabdoviridae (RABV), é o causador da raiva humana – doença que acomete o sistema nervoso e é classificada como um grave problema de saúde pública. Apesar do alto índice de letalidade, que se aproxima de 100%, é possível adotar medidas de prevenção eficientes e, até mesmo, eliminá-la do ciclo urbano.

Segundo o Ministério da Saúde, a criação do Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), que estabeleceu a vacinação antirrábica como obrigatória para cães e gatos, contribuiu para a redução da doença nos últimos 30 anos. Em 2014, por exemplo, não foram registrados casos de raiva humana em todo o território nacional.

No entanto, dados compilados pela pasta revelam que o número de pessoas infectadas pelo vírus voltou a crescer no Brasil. Entre o período de 2010 a 2022, foram registrados 45 casos de raiva humana – desse total, cinco pessoas foram a óbito somente neste ano, ultrapassando a marca registrada em 2018. 

Diante desse cenário, surge o questionamento: por que os casos de raiva humana têm aumentado no país? Infelizmente, não há uma explicação exata para essa pergunta, mas o aumento da desigualdade social e as más condições de vida da população menos favorecida têm contribuído para essa mudança. 

Para reverter essa situação, é preciso estar atento aos sintomas, formas de transmissão e, claro, às orientações de prevenção da doença.

Como acontece a transmissão? 

A raiva humana, conforme escrevi na abertura deste texto, é transmitida por meio da saliva de animais infectados – sejam cachorros, gatos, vacas, morcegos e cavalos – através de mordidas, arranhões e, até mesmo, lambidas.

Assim que o Lyssavirus é inoculado no nosso organismo, ele se multiplica e invade – lentamente – os nervos periféricos. Após um determinado período, o vírus usa os receptores dos neurotransmissores para invadir o neurônio ou feixes musculares.

Nesse estágio da doença, o Lyssavirus provoca um grave quadro de encefalite (inflamação no cérebro que gera inchaço), de rápida evolução. Para evitar complicações da doença, é imprescindível que diante da suspeita de exposição ao vírus, o local seja higienizado imediatamente com água corrente e sabão.

Em seguida, é necessário procurar o pronto-socorro mais próximo da residência para tomar a vacina – que não tem contraindicação – e o soro antirrábico humano.

Prevenção é a melhor forma de reduzir casos de raiva humana 

Os sintomas da raiva humana nem sempre aparecem em um curto intervalo de tempo. Normalmente, o período de incubação dura em torno de 45 dias, sendo menor em crianças. 

Passado o período de incubação, os primeiros sinais podem aparecer entre 2 a 10 dias, com sintomas inespecíficos. De forma geral, os indivíduos infectados podem apresentar: confusão mental, irritabilidade e alucinações; náuseas; dor de garganta; aumento de temperatura; espasmos violentos ao tentar beber água e ao ter contato com correntes de ar; e hidrofobia.

A confirmação do diagnóstico normalmente acontece com base no método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, biópsia de pele da região cervical ou raspado de mucosa lingual. Por ser uma doença quase sempre fatal, não há uma terapia específica, embora tenhamos o protocolo de tratamento da raiva humana, baseado no uso de antivirais, indução de coma profundo e outros medicamentos específicos. 

A vacinação de cães e gatos é a melhor forma de prevenir a raiva animal e, consequentemente, a transmissão da doença aos humanos. Além disso, é recomendado que se evite o contato com animais desconhecidos, especialmente se eles estiverem com filhotes, dormindo ou se alimentando. 

Aos grupos considerados de risco, como médicos veterinários, biólogos, pesquisadores e pessoas que atuam na captura de animais com suspeita da doença, a orientação é tomar a vacina antirrábica como forma de prevenção. 

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