Meningite criptocócica em pacientes com HIV: quais os riscos?

Considerada uma infecção oportunista e com altas taxas de mortalidade em todo o mundo, a meningite criptocócica é um grave problema de saúde pública e oferece sérios riscos à saúde de pacientes imunossuprimidos. Mas afinal, você sabe qual é a relação entre as duas doenças?

Para compreendermos essa relação é preciso, antes, entender o que é a meningite criptocócica e de que forma ela afeta o nosso organismo. Causada pelo Cryptococcus sp., espécie de fungo que vive no meio ambiente e cujo principal “reservatório” é a matéria orgânica morta presente no solo, a transmissão ocorre após a inalação desse microrganismo – como assim?

Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), estima-se que a maioria das pessoas tenha inalado esse fungo microscópico ao menos uma vez na vida, já que ele pode ser encontrado em frutas secas, cereais e árvores. O Cryptococcus sp. também está presente nas fezes de algumas aves, principalmente na dos pombos.

No entanto, poucas pessoas ficam doentes após inalar o fungo causador da doença. O grande problema está entre aqueles que têm o sistema imunológico enfraquecido, como os portadores de HIV, que podem abrigar o Cryptococcus sp. durante anos no organismo.

Após anos “adormecido”, esse fungo pode causar uma grave infecção cerebral, mais conhecida como meningite criptocócica.

Meningite criptocócica não é contagiosa, mas pode ser fatal 

De acordo com o CDC, cerca de 220 mil casos de meningite criptocócica são registrados anualmente em todo o mundo, resultando em mais de 180 mil mortes. A maioria dos óbitos ocorre entre pacientes com HIV. 

Na avaliação do órgão, a defasagem nos sistemas de saúde de países com recursos limitados e a alta prevalência de HIV contribuem com esse cenário. Do meu ponto de vista, ainda há outro fator determinante: a falta de informação acerca da doença. 

A maioria da população desconhece não apenas os sintomas e as formas de transmissão da meningite criptocócica, mas também o que ela é. Como se isso não bastasse, a situação se torna ainda mais alarmante quando observamos o alto número de vítimas que são portadoras do vírus HIV. Ou seja, o diagnóstico precoce – antes do surgimento dos primeiros sintomas – pode reduzir as chances do paciente desenvolver a doença.

Testagem é recomendada para pessoas com Aids

Portadores da Imunodeficiência Humana (Aids) e com contagem de CD4 abaixo de 100, devem realizar o exame como triagem, já que a infecção pode ser detectada antes dos primeiros sintomas. 

O antígeno criptocócico, marcador biológico capaz de indicar se uma pessoa tem ou não a infecção causada pelo Cryptococcus sp., pode ser identificado no corpo semanas antes do aparecimento dos primeiros sintomas. 

Ao testar positivo para o antígeno criptocócico, o uso de medicamentos antifúngicos é recomendado, já que eles ajudam o corpo a combater a infecção. Recentemente, o Ministério da Saúde incluiu o flucitosina ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento da meningite criptocócica.

Apesar disso, você deve ficar atento aos sinais que o seu corpo dá! Se você faz parte do grupo que tem o sistema imunológico comprometido, a doença pode causar a inflamação aguda do cérebro e das meninges, manifestando dor de cabeça, confusão mental e febre.

Já entre as pessoas que não têm problemas de saúde, a infecção pode apresentar os sintomas: rigidez na nuca, alterações visuais, dor de cabeça e vômitos. Em caso de dúvidas sobre a meningite criptocócicaentre em contato comigo. Se houver suspeita da doença, procure o Pronto-Socorro mais próximo de sua residência.