Provavelmente você, em algum momento da vida, teve uma infecção causada por HPV. Além dessa constatação, que a princípio pode ser bastante assustadora, estima-se que ao menos 80% da população mundial, que tenha uma vida sexual ativa, será infectada pelo vírus em alguma ocasião. Mas afinal, você sabe o que é HPV?
Para entendermos os riscos que o vírus gera ao nosso organismo é preciso, antes de tudo, conhecê-lo. O HPV, abreviação em inglês para a infecção causada pelo Papilomavírus Humano, é sexualmente transmissível (IST), capaz de provocar verrugas anogenitais (região genital e no ânus) em homens e mulheres, além de lesões na pele.
Atualmente, estima-se que existam mais de 200 tipos de HPV em todo o mundo. Desse total, cerca de 40 podem infectar o trato ano-genital e ao menos 12 são considerados de alto risco. Embora seja um vírus altamente transmissível, cujo contágio ocorre principalmente através de relações sexuais, obter o seu diagnóstico não é uma tarefa fácil – e eu explico o porquê!
Evolução do HPV é lenta e, por vezes, silenciosa
Assim como as infecções causadas pelos vírus HIV e Hepatite B, a evolução do HPV ocorre de forma lenta e, muitas vezes, sem manifestar sinais que sejam visíveis a olho nu. Em alguns casos, os primeiros sintomas podem surgir entre 2 a 8 meses após o contato com o vírus. No entanto, são raros os pacientes que manifestam os sinais durante esse curto período.
Normalmente, o HPV desaparece sozinho e não provoca nenhum tipo de dano à saúde. Mas quando não é essa a situação, a infecção pode desencadear sérios problemas, como as verrugas genitais e, se não tratado, o câncer de colo de útero.
Uma vez que você tenha sido contaminado pelo vírus, dois tipos de infecção podem se desenvolver no seu organismo. A primeira, conhecida como “lesões clínicas”, apresenta sinais que são visíveis a olho nu: é possível observar o aparecimento de verrugas na vagina, pênis e ânus – planas ou elevadas, pequenas ou grandes . Elas costumam ser chamadas de “crista de galo”, “figueira” e “cavalo de crista”.
Já as “lesões subclínicas” não são visíveis e, normalmente, são descobertas através de exames clínicos detalhados – como o papanicolau e a peniscopia. Nesse caso, obter o diagnóstico se torna mais difícil, já que os sinais da infecção não se manifestam e uma ampla parcela da população não tem o hábito de realizar consultas preventivas.
Conscientizar a população sobre a importância da prevenção é fundamental
O acesso à informação de qualidade, atrelado ao conhecimento, é fundamental para diversas questões na nossa sociedade. E isso se estende quando o assunto são as doenças e as infecções sexualmente transmissíveis.
No caso do HPV, a medida mais eficaz para a prevenção da infecção é a vacina, distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014. Segundo o Ministério da Saúde, ela é indicada para meninas com idade entre 9 e 14 anos, e meninos, que estejam na faixa etária de 11 a 14 anos.
Para as pessoas que têm HIV, o calendário de vacinação é ainda mais amplo, e engloba indivíduos que estejam na faixa etária dos 9 aos 26 anos. Além disso, mulheres com imunossupressão estão mais propensas, quando comparadas com a população geral, a desenvolverem câncer cervical.
Por esse motivo, o Ministério da Saúde ampliou o prazo desse grupo, que pode receber a aplicação da vacina até os 45 anos. Em todos os casos, os portadores de HIV devem apresentar a prescrição médica para receber a imunização.
E se engana quem pensa que a vacina protege apenas do HPV. De acordo com um estudo publicado pelo New England Journal of Medicine, a imunização é capaz de reduzir em até 90% a incidência do câncer de colo de útero – considerado o quarto tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil.
No entanto, apesar de ser comprovadamente segura e benéfica à saúde, somente 55% das meninas completaram o ciclo vacinal contra o HPV em 2020. A baixa adesão à vacina é um reflexo da falsa crença de que o imunizante seria uma espécie de “incentivo” às atividades sexuais, já que o HPV é uma infecção sexualmente transmissível.
Para mudar esse cenário, celebra-se na primeira semana de março o Dia Internacional de Conscientização sobre o HPV. A data, que conta com diversas ações voltadas ao esclarecimento de dúvidas recorrentes a respeito do tema, tem como objetivo impedir a disseminação do HPV.
Apesar de não haver um tratamento específico para o HPV, existem medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo, além de procedimentos – como laser e eletrocauterização – para as verrugas genitais. Mas lembre-se: os casos devem ser analisados individualmente.
Portanto, em caso de dúvida ou suspeita de infecção causada por HPV, procure uma unidade de saúde – ou entre em contato comigo. Informe-se e previna-se!