Doença do Tatu pode causar graves lesões pulmonares

Há algumas semanas, a notícia envolvendo a morte de um adolescente de 16 anos, que não resistiu a complicações causadas pelo fungo Coccidioides posadassi, conhecido popularmente como a “doença do tatu”, ganhou destaque nos principais veículos de comunicação do país. 

A condição, até então desconhecida por uma ampla parcela da população, passou a ser motivo de preocupação – principalmente em regiões em que a caça do animal costuma ser comum, como no nordeste brasileiro. Apesar do nome, a doença do tatu não tem relação com o bicho e, tampouco, pode ser transmitida de uma pessoa para a outra.

Classificada como uma micose sistêmica, a doença do tatu é causada por um fungo e pode ser contraída após a inalação de esporos do Coccidioides posadassi, normalmente presente no solo contaminado. Durante a caça desses animais, o homem entra em contato com as tocas (buracos), onde há uma grande concentração do fungo. 

Com a inalação dos esporos, a pessoa infectada pela doença do tatu pode ter o pulmão comprometido, apresentando quadros semelhantes à tuberculose ou pneumonia adquirida na comunidade (PAC) – aquela que acomete o paciente fora de ambientes hospitalares.

Principais sintomas da doença do tatu

Geralmente, a doença do tatu não provoca sintomas que despertam preocupação no paciente infectado. Segundo o Ministério da Saúde, há casos em que a condição se apresenta como uma “infecção respiratória benigna” e de resolução espontânea.

Porém, a intensidade dos sintomas está diretamente ligada à carga infectante e ao estado imunológico do indivíduo. Dessa forma, a doença do tatu pode causar febre alta, tosse seca e dor torácica. 

Além disso, algumas pessoas podem apresentar lesões na pele, falta de ar, linfonodomegalia (ínguas ou landras) e grave comprometimento pulmonar – especialmente pacientes imunossuprimidos. 

É possível obter o diagnóstico da doença do tatu?

Sim, a doença do tatu pode ser diagnosticada por meio de um conjunto de dados clínicos, exames epidemiológicos e laboratoriais. Normalmente, o paciente é submetido a um exame micológico direto com a presença de esférulas maduras de Coccidioides sp e sorologia.

Diante de um resultado positivo, o paciente pode realizar o tratamento por meio de medicamentos antifúngicos, dependendo da gravidade do quadro. Se houver graves lesões pulmonares, a recomendação é que uma cirurgia seja realizada – mas isso deve ser analisado com o profissional. 

A doença do tatu pode ser prevenida, mas para isso é fundamental evitar a exposição direta ao fungo. Sendo assim, é recomendado utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) em áreas com grande concentração desses animais, seja durante o manuseio de solo ou em qualquer outra atividade.

É importante lembrar que não é permitido matar, caçar ou perseguir animais que pertençam à fauna silvestre brasileira, como os tatus, já que essa prática é considerada crime ambiental – conforme o Art.29 da Lei Brasileira

Por isso, se você esteve próximo ao habitat desses animais ou teve contato direto, fique atento aos sintomas mais comuns, que foram mencionados anteriormente. Diante da suspeita, procure a unidade de saúde mais próxima de sua residência.

Em caso de dúvidas sobre a doença do tatu ou qualquer assunto relacionado à infectologia, entre em contato comigo – será um prazer ajudá-lo (a)!