As infecções causadas por HIV e hepatite B têm uma evolução silenciosa, com sintomas que podem dar os primeiros sinais após um longo período de seu início, e as formas de transmissão também têm algumas semelhanças.
A infecção pode ocorrer, principalmente, através de relações sexuais desprotegidas. Mas apesar das similaridades, existem diferenças entre infecções causadas por HIV e hepatite B que precisam ser destacadas.
Primeiramente, é necessário entender que as hepatites virais crônicas – causadas pelos vírus B, C e D – são infecções que atingem o fígado. Contudo, é importante ressaltar que a hepatite Delta é um risco na região norte do país, onde é endêmico, e sempre coexistente com a hepatite D.
Uma vez que o indivíduo tenha sido infectado, ele pode sofrer alterações no órgão que vão variar entre leves, moderadas ou graves. Para o Ministério da Saúde, as hepatites são consideradas um grave problema de saúde pública não apenas no Brasil, mas também em todo o mundo.
No entanto, diferentemente das infecções causadas pelas hepatites virais, o vírus da imunodeficiência humana, conhecido popularmente pela sigla em inglês “HIV”, não ataca – especificamente – um único órgão. O microrganismo atinge o sistema imunológico, responsável por proteger o nosso corpo das mais variadas doenças, o que nos torna mais vulneráveis a outras enfermidades.
Alguns estudos apontam que a hepatite B (HBV) e o HIV, por compartilharem as mesmas vias de transmissão (sexual e parenteral), apresentam risco elevado de coinfecção – infecção simultânea de diferentes vírus no mesmo organismo.
Mas para entender as diferenças entre infecções causadas por HIV e hepatite B, é preciso, antes de tudo, compreender como cada vírus atua no nosso organismo.
Hepatite B: formas de transmissão e principais sintomas
Classificada como uma doença infecciosa e sexualmente transmissível, causada pelo vírus B da hepatite, o HBV está presente no sangue, secreções vaginais e no sêmen. Inicialmente, a infecção ocorre de forma aguda e se resolve – de forma espontânea – até seis meses após os primeiros sintomas.
Entretanto, algumas infecções resistem e permanecem no organismo mesmo após esse período. Nesses casos, ocorre a infecção crônica, que é quando o sistema imunológico perde a capacidade de resposta contra o agente infeccioso.
O contágio da hepatite C, cuja transmissão ocorre – sobretudo – através do compartilhamento de seringas e de materiais que não foram esterilizados corretamente, costuma ser menos comum durante as relações sexuais desprotegidas.
Entretanto, existem alguns casos documentados que revelam a ocorrência de transmissão do HCV em estúdios de tatuagem que não seguiram as recomendações de higienização, a exemplo do reaproveitamento da tinta e reutilização da agulha, como durante as relações sexuais entre homens (HSH).
“Dra., e como saber se fui infectado?” A evolução das infecções causadas por HIV e hepatite B ocorre de forma lenta e silenciosa. Sendo assim, a pessoa pode apresentar sintomas de infecção aguda – como icterícia e até hepatite fulminante – da mesma forma que os sinais de infecção crônica – como a fadiga – podem aparecer antes dos três meses. Isso varia com o tempo de incubação do vírus.
Entre os principais sintomas, destacam-se a falta de apetite e cansaço. Quando a pele e os olhos apresentam um tom mais amarelado, significa que a doença é aguda ou a infecção está em estágio avançado.
Para obter o diagnóstico do HBV, é recomendável realizar o exame de triagem, que busca detectar parte do vírus. Já para descobrir a presença do HCV no organismo, o exame de triagem é o sorológico, responsável por procurar o anticorpo.
O vírus da imunodeficiência humana, assim como o HBV, é transmitido por meio de relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas, e de mãe para filho.
O HIV também pode se manifestar poucas semanas após o contágio e de forma semelhante a uma gripe comum. Em casos da infecção aguda, sintomas como dor de cabeça, garganta inflamada, febre baixa e feridas na boca podem surgir.
Entretanto, é importante ressaltar que nem toda pessoa infectada pelo HIV vai manifestar esses sintomas. Estima-se que a fase assintomática dure cerca de 10 anos, período em que há o comprometimento do sistema imunológico do paciente e aparecimentos dos primeiros sintomas da aids.
HIV e Hepatite B têm tratamento
Com o avanço da medicina e a evolução da ciência, é possível conviver – e ter qualidade de vida – mesmo após o diagnóstico positivo para infecções causadas por HIV e hepatite B. No caso do HIV, o tratamento é feito por meio de medicamentos antirretrovirais, responsáveis por impedir a multiplicação do vírus no organismo.
O tratamento da hepatite B inclui o uso de antivirais específicos e deve ser alinhado com uma mudança de hábitos, como o consumo de alimentos mais saudáveis e a restrição de bebidas alcoólicas. Diferentemente do HIV, existe a chance do indivíduo se curar do HVB, embora sejam raros os casos.
Além dos cuidados durante as relações sexuais, outra medida de prevenção é a vacina contra a hepatite B, prevista no calendário de vacinação infantil. O SUS também disponibiliza o imunizante nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) para pessoas de qualquer faixa etária.
Já o tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que garantem a cura em 99% dos casos. O tratamento pode ser feito através do SUS.
Portanto, previna-se! Em caso de dúvida ou manifestação de algum dos sintomas, procure auxílio médico. Conhecendo as diferenças entre infecções causadas por HIV e hepatite B, fica mais fácil observar as possíveis mudanças que ocorrem em nosso organismo!